Na entrevista de hoje, temos a honra de falar com Inês Simões, Directora de Comunicação Corporativa, Marca e Cultura Organizacional do Grupo Ageas Portugal. Inês Simões desempenha um papel fundamental na articulação e comunicação do compromisso firme do Grupo com a responsabilidade corporativa e na promoção de um ethos baseado numa conduta ética. Licenciada em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro, conta com mais de duas décadas de experiência na elaboração de iniciativas de comunicação estratégica em empresas multinacionais. Inês Simões é também, atualmente, Presidente da Associação Portuguesa de Comunicação de Empresas (APCE).
Nesta conversa, exploramos a dedicação do Grupo Ageas Portugal à promoção do diálogo social, à defesa de uma liderança ética e humanizada que dá prioridade à Diversidade e à Inclusão, e ao conjunto de iniciativas que visam capacitar e nutrir as suas Pessoas e demais stakeholders. Estes valores sublinham os princípios fundamentais do Grupo Ageas Portugal e a sua dedicação ao crescimento sustentável.
O Festival Impacto tem o orgulho de contar com o Grupo Ageas Portugal entre os seus Patrocinadores e Parceiros em várias iniciativas do festival. O envolvimento do Grupo no Festival destaca a sua postura proactiva na condução de mudanças significativas e na promoção do diálogo sobre questões sociais cruciais.
“Pelo impacto que têm na sociedade, começando pelos vários públicos que fazem parte do seu ecossistema, as Organizações têm a responsabilidade de capacitar as suas Pessoas para serem agentes de mudanças positivas, preparadas para enfrentar os desafios globais com criatividade, responsabilidade e um forte sentido de propósito coletivo”
A sua experiência internacional na coordenação de projectos no Mediterrâneo e na América Latina deve ter-lhe proporcionado novas perspectivas e desafios únicos. Como vê esta diversidade cultural a contribuir para a promoção de uma abordagem de liderança mais humana, empática e, consequentemente, uma comunicação mais inclusiva nas organizações multinacionais?
Ao longo da minha carreira profissional, tenho tido o privilégio de trabalhar e liderar equipas muito diversificadas, nomeadamente do ponto de vista cultural e geográfico.
Estes contextos onde reina a diversidade são, sem dúvida, muito enriquecedores para nós enquanto Pessoas e enquanto profissionais, ao nível de perspetivas e experiências, conduzindo naturalmente a uma abordagem de liderança mais humana e empática. Leva-nos também a adaptar estratégias e estilos de comunicação e de interação onde cada Pessoa é ouvida e respeitada, e consequentemente, a ter a flexibilidade necessária para ajustar uma iniciativa ou ação de comunicação a cada cultura local de forma a garantir uma comunicação inclusiva e com a qual os públicos-alvo se identificam, mesmo que a ideia original parta de uma equipa central.
“Estes contextos onde reina a diversidade são, sem dúvida, muito enriquecedores para nós enquanto Pessoas e enquanto profissionais, ao nível de perspetivas e experiências, conduzindo naturalmente a uma abordagem de liderança mais humana e empática”
Como podem as organizações transformar-se efetivamente através da comunicação para cultivar um diálogo mais responsável e inclusivo, tanto interna como externamente? Especificamente, que estratégias ou práticas acredita serem cruciais para alcançar este objetivo?
Em primeiro lugar, é necessário que as Organizações e os/as decisores/as definam intenções e objetivos claros, assim como tenham a motivação de desenvolver um ambiente de trabalho mais inclusivo e responsável. A partir daí, deve começar-se pelo básico, ou seja, educar a liderança e as equipas sobre o que pode ser um ambiente mais inclusivo tendo em conta o contexto e as oportunidades na respetiva Organização. Começar por aqui permite definir e alinhar um caminho, ter um foco e criar os pilares de base para alertar consciências sobre, por exemplo, preconceitos inconscientes, e despertar para a importância de uma linguagem inclusiva.
Existem, no entanto, outras práticas fundamentais:
– escutar verdadeiramente e criar espaços de partilha e de diálogo seguros que permitam uma comunicação bidirecional, sejam fóruns, comunidades ou encontros regulares dedicados a debater estes temas, assim como avaliar e recolher feedback continuamente sobre as estratégias adotadas para se poder evoluir;
– utilizar ferramentas de comunicação que facilitem a inclusão, e a tecnologia é um facilitador neste sentido. Alguns exemplos: plataformas de videoconferência com recursos de acessibilidade, softwares de tradução automática ou canais de comunicação adaptados para diferentes necessidades culturais e linguísticas;
– desenvolver e implementar políticas claras de comunicação que promovam a diversidade e a inclusão, tanto interna quanto externamente, nomeadamente normas e orientações sobre a linguagem a ser usada nos vários canais de comunicação, garantindo uma coerência transversal;
– garantir um alinhamento comum em toda a liderança, na atitude e na adoção de práticas e comportamentos de comunicação inclusiva e responsável, servindo de modelo para a restante Organização. A liderança deve ser proativa em abordar e resolver questões de comunicação que possam surgir, muitas vezes provenientes das próprias equipas.
No Grupo Ageas Portugal estamos a desbravar este caminho, através da definição de estratégias e compromissos. Estamos cientes que é uma jornada longa, tem trazido inúmeros desafios e aprendizagens, pois é um caminho humano e, assim sendo, não é, nem será, linear ou perfeito.
“é necessário que as Organizações e os/as decisores/as definam intenções e objetivos claros, assim como tenham a motivação de desenvolver um ambiente de trabalho mais inclusivo e responsável”
No contexto da promoção de um mundo mais centrado na humanização (human-centered), diversificado e inclusivo, até que ponto novas competências são essenciais para desafiar as normas existentes e evitar a perpetuação de preconceitos? Há conceitos ou práticas específicas que os indivíduos e as organizações precisam de “desaprender” para promoverem efetivamente um ambiente de trabalho mais saudável, respeitoso, inclusivo e sustentável?
Cada Pessoa é única e fruto de valores, princípios e crenças que foi adquirindo ao longo da vida. E uma Organização é uma soma desta diversidade de contextos e experiências, pelo que naturalmente estes são temas raramente consensuais e que necessitam de tempo para se tornarem em reais princípios e em práticas agregadoras nas Organizações (e muitas vezes nunca o chegam a ser).
Mais do que novas competências, acredito que o segredo está em tirar o melhor partido desta diversidade natural existente em qualquer Organização, promover o trabalho colaborativo, multidisciplinar e que considera diferentes perfis (origem, cor de pele, experiência, idade, género, outros).
Três aspetos que devemos desaprender, na minha perspetiva, são:
– recrutar pessoas com perfis muito similares ao da cultura pré-existente e, em vez disso, procurar integrar perfis diferentes, criando assim ambientes mais propícios e abertos à inclusão, resultando numa troca, mais rica de perspetivas e conceitos;
– igualmente, rever o conceito e práticas em redor da meritocracia que, num contexto organizacional desigual não funciona de forma justa para todas as pessoas envolvidas;
– a terceira prática que não traz retorno positivo para esta evolução é uma comunicação não-inclusiva tal como: generalizada no género masculino, para pessoas sem deficiências, heteronormativa, religiosa (como, por exemplo, quando se menciona Natal em vez de Festividades).
Tudo isto, aliado à experiência e aprendizagens ao longo do processo, permite-nos desenvolver uma consciência crítica que gera maior empatia e proximidade, criar uma mentalidade global de maior abertura, dá mais palco à criatividade, inovação e à construção participativa, assim como enriquece a Organização como um todo e permite maior envolvimento das Pessoas para com as decisões e estratégia.
“O sonho comanda a vida, se assumirmos que querermos ter um papel ativo na criação de mudanças com impacto positivo na Sociedade, damos propósito à nossa vida e à nossa existência, contribuindo para algo maior, deixando um legado para as gerações futuras”
Como é que as organizações podem contribuir para capacitar as pessoas para enfrentar os complexos desafios globais que a humanidade enfrenta atualmente? Pode partilhar exemplos de projetos ou iniciativas específicas desenvolvidas pelo Grupo Ageas Portugal que ilustram este compromisso?
Pelo impacto que têm na sociedade, começando pelos vários públicos que fazem parte do seu ecossistema, as Organizações têm a responsabilidade de capacitar as suas Pessoas para serem agentes de mudanças positivas, preparadas para enfrentar os desafios globais com criatividade, responsabilidade e um forte sentido de propósito coletivo.
Desafios como a Sustentabilidade – integrando a Diversidade, Inclusão e Equidade, Transformação Digital, Saúde, Responsabilidade Social e Inovação – exigem das Organizações: educação contínua para a resolução de problemas cada vez mais complexos, pensamento crítico e consciência sobre questões globais do mundo que nos rodeia; promover o empreendedorismo e incentivar e apoiar iniciativas que visem soluções para desafios globais; criar modelos de colaboração e de parcerias que permitam agregar expertise e pensamento conjunto para criar soluções e amplificar o impacto; promover a participação das Pessoas em iniciativas sociais e de voluntariado, com um contributo forte para o bem-estar global, mas também para fortalecer o sentido de propósito e de responsabilidade coletiva; promover uma liderança que valoriza um ambiente de trabalho diversificado e que inspira à criação de soluções inovadoras, dotando as equipas de competências como adaptabilidade, escuta, empatia e trabalho colaborativo; proporcionar um ambiente de trabalho saudável e focado no bem-estar das Pessoas.
No Grupo Ageas Portugal, destaco algumas das iniciativas que nos têm permitido dar passos significativos neste caminho, tais como:
– formação e desenvolvimento contínuo de competências tanto profissionais como pessoais (nomeadamente em Diversidade e Inclusão para todo o Grupo);
– programas de empreendedorismo interno;
– a mobilização para iniciativas de impacto social e voluntariado através da Fundação Ageas (como por exemplo: Team Buildings solidários e cursos de reskilling, abertos à comunidade, em parceria com a Escola de Impacto);
– a definição e implementação de uma estratégia para a Diversidade e Inclusão que, entre outras iniciativas, criou comunidades (ERG – Employee Resource Groups) que são espaços de diálogo, apoio e co-criação;
– eventos de partilha de experiências de vida que inspiram e que geram empatia e sensibilidade para diferentes realidades e vivências, como a iniciativa “Conta-me como és”;
– a existência de uma área – Ageas Beautiful Business – dedicada à evolução humana da cultura da empresa e que, entre outros temas, tem trabalhado internamente o conceito da vulnerabilidade enquanto expressão de autenticidade, coragem e força;
– temos também foco no bem-estar, físico, emocional e mental através de programas para todas as pessoas, destacando o apoio psicossocial e a formação em Primeiros Socorros para a saúde mental;
– criamos também normas e orientações para uma comunicação mais inclusiva e temos um papel ativo na promoção da acessibilidade por exemplo à Cultura, trabalhando lado a lado com os nossos grandes Parceiros, entre muitas outras.
O mais importante para nós é garantir o walk the talk, a coerência e o alinhamento com os valores da Organização, na comunicação com os diferentes públicos e nos diferentes canais.
Como é que o Grupo Ageas Portugal aborda o conceito de educar através das organizações e que papel desempenha a responsabilidade individual neste processo? Pode partilhar exemplos de como o Grupo Ageas Portugal promove uma cultura de aprendizagem contínua e de responsabilidade pessoal entre os seus colaboradores?
A aprendizagem contínua é fomentada no Grupo Ageas Portugal através de uma Academia dedicada, de programas de mentoria, assim como da existência de planos de desenvolvimento individual em que a responsabilidade principal é da própria Pessoa. Ao nível da inovação, desafiamos as Pessoas a proporem e candidatarem-se a programas de empreendedorismo, criando soluções ou negócios que podem ser apoiados pela empresa, dotando-as de ferramentas, consultoria e expertise.
“A Fundação Ageas é uma Fundação Corporativa, que possui o estatuto de IPSS e de utilidade pública, e que promove uma nova abordagem à Filantropia, fomentando o crescimento de projetos de inovação social nas áreas da saúde, envelhecimento e exclusão social através de Investimento Social, Investimento de Impacto, Capacitação de Pessoas e Entidades, e Voluntariado Corporativo”
Como é que a missão social da Fundação Ageas contribui para criar um impacto social positivo? Pode explicar melhor as principais iniciativas da Fundação, os seus resultados e a forma como se alinham com os objectivos mais amplos de responsabilidade corporativa do Grupo?
A Fundação Ageas é uma Fundação Corporativa, que possui o estatuto de IPSS e de utilidade pública, e que promove uma nova abordagem à Filantropia, fomentando o crescimento de projetos de inovação social nas áreas da saúde, envelhecimento e exclusão social através de Investimento Social, Investimento de Impacto, Capacitação de Pessoas e Entidades, e Voluntariado Corporativo. Destaco o apoio de 605 mil euros através de Investimento Social (só em 2023), os 703 mil euros através de Investimento de Impacto em 6 projetos desde 2022, os 363 formandos na Escola de Impacto desde 2017, as 108 entidades da Economia Social capacitadas em quatro cursos apoiados desde 2020, ou as 13.342 horas de serviço à Comunidade através de Voluntariado Corporativo, só em 2023. A relação da Fundação Ageas com o Grupo é umbilical, como demonstra uma das suas iniciativas internas anuais – o Bónus Solidário – que promove a angariação de fundos para instituições sociais através da doação pelos membros da Comissão Executiva e top management do Grupo, mas também dos restantes Colaboradores, de parte do seu bónus anual. Em 2023, foram angariados mais de 192 mil euros para cinco projetos sociais.
“No contexto do Grupo Ageas Portugal, diria que estamos num caminho muito positivo e até avançado, quando comparado com outras realidades organizacionais. Este desafio deve ser encarado como um caminho contínuo de evolução da cultura de liderança humanizada que priorize diversidade, inclusão e empatia”
Acredita que os sonhos podem criar um impacto significativo? Olhando para o futuro, o que imagina ser a próxima meta na promoção de uma cultura de liderança humanizada que continue a dar prioridade à diversidade, à inclusão e às práticas éticas no Grupo Ageas Portugal?
O sonho comanda a vida, se assumirmos que querermos ter um papel ativo na criação de mudanças com impacto positivo na Sociedade, damos propósito à nossa vida e à nossa existência, contribuindo para algo maior, deixando um legado para as gerações futuras.
No contexto do Grupo Ageas Portugal, diria que estamos num caminho muito positivo e até avançado, quando comparado com outras realidades organizacionais. Este desafio deve ser encarado como um caminho contínuo de evolução da cultura de liderança humanizada que priorize diversidade, inclusão e empatia. Isso exige dar continuidade e solidez às estratégias e metas traçadas para a humanização do nosso ecossistema enquanto empresa, capacitando a nossa liderança para tomar decisões que tenham impacto na rentabilidade, mas igualmente no bem-estar integral das Pessoas e das Comunidades que nos rodeiam. De igual forma, acredito que há que garantir que as nossas escolhas e decisões continuem a ser efetivas e sustentáveis, promovendo um ambiente onde todas as Pessoas se sintam valorizadas e respeitadas, e não abdicar disso nunca, garantindo a coerência e um impacto crescente positivo dentro e fora da Organização.
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